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Monday, October 15, 2007

UTOPIA ( Visões por traz de um balcão) !





INTRO

4 de dezembro de 1996, surge em uma pequena sala no térreo de um velho e decadente predio na avenida Conde da Boa Vista coracão do Recife a CD Rock Locadora, após dois meses de trabalho árduo auxiliado pelo meu amigo Fred Rio consegui realizar um velho sonho de escoar todo meu acervo particular de vinis e cds que tinha acumulado desde o inicio da decada (chegada do Compact Disc ao Brasil) e obviamente por em pratica toda minha paixão e conhecimento do bom e velho rock’n roll que remota dos idos de 1968 quando ganhei de uma tia no dia do meu nono aniversario um compacto duplo dos Beatles com Tony Sheridam{My Bonnie}a partir daí contaminei-me para sempre com o virus desta batida alucinada que se tornaria a trilha sonora da minha vida !
Quando inaugurei a loja sabia antecipadamente que teria divercão e novas amizades garantidas, os freaks e aficcionados belo bom e velho rock , iriam convergirem ate o espaco isto era certo! Não poderia era prever o que aconteceria logo nos primeiros dias de funcionamento da loja. Neste ano Recife efervecia e respirava Mangue Beat, o gráfico estava próximo do apogeu, todos os dias em praticamente todos os bairros da cidade surgia pelo menos uma nova banda. Apesar de antes do aparecimento da CD Rock, a cidade já contava com algumas lojas alternativa de discos, por algum motivo que foge da minha compreencao o meu estabelecimento foi de cara adotado pela grande maioria de bandas que surgiam na cena e tambem por aquelas que já existiam. Uma enxurrada de fitas e cds demos comecavam a chegar em meu balcão, isto já na primeira semana de funcionamento, a carência de um local para escoar esta “rica” producão era total e para as bandas e musicos daquela epoca meu espaco era o comeco da utopia! E não era so musicos, chegavam artistas plasticos, atores, jornalistas, escritores, fotografos, hare Krishinas,punks,metaleiros,alternativos,clubers,rapers,capoeristas, estilistas, modelos, em fim ! Tudo de bom que se produzia na arte local , se viciaram de sempre em “avant premier” passar no meu balcão: em geral praticamente toda esta producão artistica estava de alguma forma ligada ao movimento mangue. Chico Science e Nacao Zumbi faziam escola a obra prima Afrociberdelia ecoava em cada esquina do Recife , as bandas e musicos sentiam orgulho de serem Pernambucanos e contemporaneos dos caras! Sem duvida este fator ajudou a fortalecer a auto estima de todos, havia um ar de grandes pespectivas, de viabilidade, de esperanca e a possibilidade de a “lama” se tornar concreta! Chico cada vez mais subia o podio da fama as fronteiras eram quebradas uma a uma, de Brasilia a Nova York, do Rio a Berlim, o mundo finalmente descobria o Mangue Beat, parecia que Pernambuco definitivamente entrara no circuito musical da perversa grande midia global.
- Muita gente não apenas teve dificuldade em digerir o som de Chico Science & Nacao Zumbi como nem o considerava cantor. Reacão natural. O novo incomoda sempre e a musica de Chico & NZ e o que de mais novo surgiu no pop tupiniquim atual desde os baianos nos anos 60. A banda não apenas estava sintonizada com o que rolava de mais atual nos principais centros do mundo, como corria paralela a estes. (Jose Teles-J.C.-04/02/97).

Logo nas primeiras semanas de atividades da loja o boca a boca entre as bandas, musicos e apreciadores da boa musica era enorme, o burburinho era de um novo espaco que acolhia o underground da cidade de bracos abertos o que realmente acontecia sem o menor interesse de marketing ou qualquer outro de natureza capitalista ,fazia por amor a musica, mais especificamente o Rock n’Roll. A minha grande paixão pelo som de Pernambuco ainda estava para acontecer! Lembro claramente da primeira banda que me trouxe uma demo k7 no meu balcão, chamava-se Redeemer , faziam um heavy progressivo tipo Dream Theater ou Angra, isto já no primeiro dia, o que aconteceria em uma escala geometrica nos proximos dias, semanas, meses e anos. A diversidade destas bandas era impressionante, tinha um grande leque de opcões ,como ,Metal,Techno,Alternativo,Noise,PunkH.C.,Reggae,Pop,Rap,Funk,Soul,Hard e sobretudo Mangue Beat (digamos assim!).Os musicos chegavam na CD Rock, com brilho nos olhos, secos por uma chance, uma oportunidade, achavam que o meu modesto estabelecimento seria a salvacão , a alavanca para o estrelato, a propulcão que faltava para divulgar a sua musica. Ficava abismado com a producão sem fim, a grande criatividade e diversidade que testemunhava e compartilhava naqueles tempos impar! Recife fabricava musica como chie se reproduzia no mangue! A falta de apoio era total, as radios praticamente não tocavam nada, com honrosas excecões, como a radio Cidade, Transamerica , Top FM (Plugado-DJ.Bruno Pedrosa) e Caétes que tinha o programa Mangue Beat do DJ. Renato L .Mesmo assim so era apresentado a ponta do iceberg ! Os governos, prefeitura e estado, salvo os grandes festivais, Abril pro Rock, Rec Beat e PE. no Rock, nem faziam ideia do que estava acontecendo. Empresarios locais que davam algum apoio a “cultura” so jogava grana no brega, pagode e forro estilizado, que eles assim achavam ser a nossa verdadeira veia “cultural”. Era muito dificil vender e tornar viavel o novo som que surgia! Depois de cada expediente chegava em casa e ficava horas a fio, pencando e meditando o que fazer e como fazer com toda aquela riqueza explicita que chegava todos os dias em minhas mãos. Tudo fluia normalmente, parecia que as bandas estavam esperando algum momento para sairem como caranguejos, de suas tocas e se mostrarem para o mundo! Logico que Chico Science & N.Z. foram o catalizador de tudo isto! Mas faltava um “porto seguro” para ancorar suas naus .E sem que planeja-se nada em relacão a isto a CD Rock foi contemplada com todo este extase que teimava em bater na sua porta! Então vamos! Me arretei ! E resolvi tomar uma decisão que mudaria todo o rumo que tinha idealizado inicialmente para a loja.
Criei o selo Caranguejo Records, e convidei uma das mais estranhas figuras que frequentava a loja, o bizarro e talentoso porra louca Cinval Cadena, fundador e percurssionista da banda Querosene Jacare para ser meu socio neste projeto. Inventamos o titulo Recife Rock Mangue I, do que viria a ser a primeira coletanea da nova cena pernambucana, ouve no passado, em 1991 uma tentativa que e citada no “manifesto I” redigido por Fred 04 e Renato L. que dizia assim -Mangueboys e manguegirls estão gravando a coletânea “Caranguejos com Cerebro”, que reune as bandas Mundo Livre S/A, Loustal, Chico Science & Nacão Zumbi e Lamento Negro- so que tudo ficou apenas na teoria! O que tornava a nossa responsabilidade maior ainda! Mandamos a boa nova para coluna Rec Beat de Marcelo Pereira do Jornal do Commercio , que na chamada saiu: - Mangue vai ganhar primeira coletânea- Claro que isto atraiu uma quantidade ainda maior de bandas com suas respectivas demos para o meu balcão ou muro das lamentacões ou ainda balcão da esperanca! Apenas para se Ter uma ideia , em cinco semanas recebemos mais de 120 demos (k7 e cds) , dos mais variados estilos musicais . O nivel musical das bandas era exelente, mesmo com todo este rico acervo nas mãos tinhamos um grande problema não previsto inicialmente; a qualidade tecnica de gravacão da imensa maioria era pessima, havia deficiencia em praticamente todos os setores, mixagem, equalizacão, timbres, ganho , em fim , tudo em relacão ao audio era primario e amador, as poucas que foram gravadas nos estudios “profissionais” tambem deixavam muito a desejar ! Concluirmos que a nova cena com o novo som ,realmente pegara todos despreparados principalmente os estudios da cidade, obsoletos e arcaicos, com total falta de técnicos qualificados para operar o sofisticado e elaborado som que surgia. O brega, o pagode, o axê e principalmente o forro estilizado (cearense) era o que monopolizava a midia e os estudios de gravacão, preocupados em produzir discos de baixo custo para um publico pouco exigente e cada vez mais consumindo aquela musica maximizada subliminarmente! Mesmo com todos estes impessilios conseguimos concluir a coletanea numero um, dentro das nossas possibilidades acho que realizamos um bom trabalho! Com pouca grana e muita paciência na etapa de remasterizacão o disco ficou razoavelmente homogêneo ,com um bom equilíbrio sonoro ,com exceção de algumas faixas, no geral operamos um pequeno milagre! Mais adiante (em outro capitulo) abordarei novamente o tema coletânea. A proposta da utopia mangue , e de narrar os fatos acontecidos dentro da CD Rock desde o primeiro dia de funcionamento ate o ultimo dia 13 de maio de 2003 (quando mudei o endereço e a diretriz da loja). Não há pretensões de analisar filosoficamente, criticamente ou academicamente o movimento mangue. Não e um estudo da cena, não tenho intenções profundas e comparativas com nada, minha proposta e apenas contar os fatos vivenciados por traz do meu balcão durante o período de existência da CD Rock na Av. Conde da Boa Vista. Posso hoje bater no peito e dizer orgulhosamente que fui e sou um privilegiado em Ter vivido e contribuído de alguma maneira para a perpetuação daqules tempos notáveis ! Não ganhei dinheiro e fiquei com o meu velho fusca 86 ate bem pouco tempo, a satisfação que tenho por tudo isto e enorme ! Me sinto um pouco humildemente responsável desta cena, como diz meu amigo Ajax (vocalista dos Cachorros) , você e o tio do rock pernambucano. Recordo os anos 70 quando lia as revistas, Pop, Som Três e outras, ficava imaginando como viviam meus ídolos rockstars e popstars era algo intocável, abstrato, longe, distante, bem alem da imaginação, hoje eu e toda uma legião de fãns , convive diariamente com os nossos novos ícones, nos bares, shows e festas do Recife. E ou não um privilegio por exemplo , tomar uma cerveja com Fred 04 ou estar numa festa em companhia de Otto e Jorge do Peixe ? Este e o meu mundo, a minha cidade! A CAPITAL DA CULTURA SEM CAPITAL!!!








. SAMBOQUES DE CAUSOS




No passar destes anos convivendo com toda variedade possível de pessoas, artistas ou não, dos mais diversos níveis social e intelectual e claro que ouvi historias das mais engraçadas e estranhas, narradas para min e muitas vezes com platéias (clientes e amigos) , quase todos estes “causos” me foram contados de uma maneira bem natural, por incrível que pareça , aconteceram de uma forma , sem que o meu interlocutor quiser-se ser engraçado.


- Quem e esse cara ?
Esta aconteceu com o grande Edmilson do Pifano, talentoso instrumentista de pifando onde fabrica seu próprio instrumento e compositor regional de rara qualidade. Natural de Lajedo pequena cidade do Agreste pernambucano, com jeito de matuto cabra da peste e aquela aparência cabocla de maneiras rude e autentica. Não conhecia ate então , esta figura folclórica, já tinha ouvido seu trabalho que achava muito bom! Não fazia ideia de como seria a pessoa! Ate que em uma tarde la pelos idos de 98 chega em minha loja o próprio , com seu novo cd embaixo do braço. Se apresentou e me deu um de presente, que na hora fiz questão de toca-lo . O disco chamava-se, Soprando o Canudinho, era quase todo instrumental, de uma harmonia sonora fantástica, cheio de improvisos, realmente um ótimo cd. Enquanto rolava o som daquela musica agradável e rica, Edmilson ficava impaciente na minha frente como quem esperava uma opinião. Depois de ouvir umas 5 ou 6 faixas, terci o primeiro comentário. Fiz uma analogia imediata com o Jazz, por causa dos improvisos e da variedade harmônica que havia naquela obra, e lhe falei, baixando o som das caixas: Cara ! Noto em seu trabalho uma forte e saudável influência do Jazz ! E para minha surpresa , ele abaforadamente me retruca; Jazz, quem e esse cara ? Não, ai sou eu ! Esse cara eu não conheço não viu.! Oxênte, tu ta ficando doido ? Porra ! Fiquei sem ação, não acreditava no que estava ouvindo! Então partir para o didatismo, tentei por quase 20 minutos lhe explicar o que era Jazz, e percebia que cada vez mais a coisa complicava! Não tinha jeito, ele teimava em repetir que não conhecia aquela pessoa! Desisti e passei a admira-lo ainda mais pelo seu talento totalmente autodidata! Conheço varias outras pérolas de Edmilson, uma usina de causos, mais sem duvida acho este o mais interessante!
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-Pôrra! Que catinga e essa?
Abril pro rock de 1998.Muitas das bandas que participaram do evento e ficaram na semana seguinte para conhecer a Manguetown, incluíam seu roteiro uma passadinha la na loja. E este causo aconteceu com o líder de uma dessas bandas, B Negão
Vocalista dos The Funk Fuckers e membro do Planet Hemp. A banda inteira acompanhada do gerente local da BMG passaram algumas horas em frente ao meu balcão. Entre cafezinhos, bate papos e tietagem das garotas que freqüentavam o espaco, B Negão me chama discretamente em um canto e me pede para usar o banheiro! Bom ! Isto era quase uma regra para quem frequentava a loja, não liberava o banheiro para ninguém, a loja era pequena ,mais ou menos 4 x 6 metros, e a porta do sanitário ficava bem em frente ao salão, e qualquer porcaria feita ali o odor corria imediatamente para o nariz da clientela, então era mais do que justo a minha negativa. Mas quando B Negão com cara de aperriado e suando bastante me pediu para usa-lo, não tive como nega-lo! Resumindo, o sujeito passou longos minutos soltando ataques nucleares de poder arrasador! Todos dentro do recinto faziam cara de quem chupava limão, e alguns fungavam sem parar como se cheira-se uma arma química mortal, e outros falavam com ar indignado, pôrra! Que catinga e essa? As menininhas que faziam plantão na tietagem tambem cochichavam entre se, de forma irônica e sarcástica. Fazia que não ouvia ou sentia nada, e continuava conversando com os outros membros da banda que notava agir da mesma forma que eu. Cerca de 15 minutos depois , o cara abre a porta e o cogumelo atômico toma proporções apocalíptica. Quando ele sai ,elogia meu banheiro e diz, com aquele jeito típico de bom malandro carioca: Gostei meu ! Aqui dentro e do caralho ! cheio de fitas, cds, posters e material de bandas locais, do caralho !... O homem estava completamente ensopado de suor e tentando disfaçar o mico ! Normal ! Coisas da vida ! Realmente foi uma tarde Funk Fuckers !




-Vai roubar a mãe !
Outro craque em causos e Cinval da banda Querosene Jacare. Uma figuraça! Bastante conhecido na cidade pelo seus trabalhos solos chamado Cinval Coco Grude e tambem pelas situações que apronta geralmente nas madrugadas depois de tomar uma bela carraspana. Este causo eu não presenciei , e me foi narrado pelo próprio logo depois de curar a ressaca.
Vinha ele altas horas da madrugada, cheio de manguaça, caminhado pelas ruas do centro, retornando de mais uma noitada no Recife antigo (local da boêmia e alternativos). Como ele mora no centro da cidade a menos de 2km do local citado, isto lhe permite ir e vir andando ,de seu apartamento ao local de “trabalho”. Numa desta volta pra casa, para variar o cara vinha em zigue- zague pelas ruas, quando se encontrava na altura da Av. Guararapes a apenas 3 quarteirões de sua casa, um assaltante escondido em uma esquina da agencia centro dos correios, salta em sua frente e aponta-le um velho treioitão, e anuncia suas intenções: Ai veio! Passa a grana e o relógio rápido! E Cinval de pronto lhe respondeu: Vai assaltar tua mãe , filho da puta ! e na seqüência deu um tapa no revolver do cara, e tranqüilamente continuou o seu sinuoso percurso. Fico imaginando o que este “profissional” ou amador do crime deve ter pensado naquele surrealista instante. Claro que Cinval se arrependeu de ter agido daquela forma irresponsável e inconseqüente , que por uma grande sorte do destino nada lhe aconteceu! Este e o Cinval !




-Que danado e isso ?
esta foi comigo. Não e exatamente um causo, mas sem duvida e uma situação atípica que mostra o despreparo e o preconceito existente em alguns Policiais Militar em relacão aos apreciadores do rock.
. Como de rotina, todos os dias acendo vários incensos dentro da loja. Numa tarde de sábado já encerrado o expediente, com as portas esteiras fechadas pela metade, e tranqüilamente contabilizando os números do dia, olho de repente para o corredor da galeria que fica a uns 30 metros da calcada e vejo dois soldados PMs em minha porta , e um deles com ar de suprema autoridade, me interroga com dureza, olhando e se aproximando do incenso: Que danado e isso ? De cara percebi o que ele insinuava, me fiz de desentendido e meio irônico falei do que se tratava, mostrei a caixa do produto e lhe ofereci uma paleta daquele agradável aroma de Pacholi ! Olhou para min desconfiado e pensativo , quando o outro que estava mais atras lhe chamou para irem embora. Nem pedido de desculpas eu tive . Como dizia Chico Anísio em um de seus personagem: “A inguinoranca e que estravanca o progressio deste Pais “.


- Meu sonho e conhecer o Paraguai!
Conheço varias de Chico Science & Nacão Zumbi, mas esta e um primor. Quem conta e o jornalista José Teles do J.C. numa publicação especial chamada “Meteoro Chico” do final dos anos 90. Depois de acertar a primeira turnê do grupo para a Europa, o empresário Paulo André Pires chamou os integrantes do Nacão Zumbi e revelou a boa nova. Canhoto, um dos tocadores de alfaia, não conteve o entusiasmo: “Europa, puxa vida, Paulo, que coisa boa, meu sonho e conhecer o Paraguai ! “.




-Não sou nada disso ! Eu sou e macho !
Havia na banda Ze Lamuria um sujeito hilário apelidado de “Toquinha” pelo fato de parecer bastante com Toca Ogan percussionista da Nacão Zumbi e serem amigos e tocarem o mesmo instrumento ganhou este apelido redutivo por que era ainda mais baixo do que o baixíssimo Toca. Acontece que pelo fato de o sujeito ser de pequena estatura e Ter poucos conhecimentos culturais, mesmo sendo um bom musico, ele tinha acho eu? um complexo de inferioridade, e gostava de contar estórias incríveis enaltecendo a sua pessoa, o que sempre caia no ridículo de todos. Isto acontecia principalmente se estive-se em uma mesa de bar. Estávamos certa vez eu junto com toda a banda do Ze Lamuria e mais algumas pessoas, totalizando mais ou menos 15 . Depois de tomarmos pelo menos uma grade de cervejas e ouvirmos durante horas “as grandes aventuras de Toquinha”, resolvi testar uma brincadeira: Me levantei na cabeceira de uma das mesas e falei alto e em tom de suspense, que tinha uma declaração muito importante a fazer sobre Toquinha. Todos imediatamente ficaram em silencio absoluto aguardando minha “grande” revelação; então eu falei: infelizmente declaro a todos os presentes que Toquinha e H E T E R O S E X U A L !!! Imediatamente ele levanta na outra extremidade das mesas , e colocando a mão esquerda no saco, e com a direita formando uma dedada, me responde encolerado: Não sou nada disso! Eu sou e macho pôrra! Na hora foi uma histeria coletiva , todos riam ao mesmo tempo sem parar , teve neguinho que caiu ate da cadeira ! Ate hoje , passados uns 5 anos tem pessoas que lembram este fato, inclusive o próprio.




-Vou sentir muitas saudades de vocês! Snif, snif , snif...
No auge da cena mangue, por volta de 1998, muitos olheiros, gravadoras e selos rondavam a cidade em busca de talentos para os seus cast. A maioria prometia o céu para os musicos e bandas escolhidas. Era a era da utopia mangue. Os ingênuos pernambucanos selecionados acreditavam em sua maioria , que iriam se tornar popstars, enquanto que na realidade continuavam a serem pobrestar! Aportou por aqui nesta epoca um selo português chamado Super Sat, sua chegada ao Recife , foi anunciada com grande estardalhaço por quase toda a midia local. Organizarão um festival no extinto espaco Circo Maluco Beleza (melhor casa de show da epoca) com algumas bandas convidadas do sul como, Ratos de porão e três locais, Caiçaras, Via Sat e General Frank. Era uma espécie de concurso; Das três apenas uma assinaria o “valioso” contrato. Durante a semana que sucedeu o evento as bandas iam todos os dias na Radio Cidade FM (Parceira do Festival) para darem entrevistas ao vivo. Durante esta semana ouve uma , digamos assim, “rivalidade” saudável entre as bandas, Logico que todas queriam serem a escolhida. O resultado so seria dado depois de uma semana , foi ai que aconteceu um causo com um dos percusionistas da banda General Frank. Renato doideira, ansioso e otimista com o resultado com concurso , tinha a certeza que a banda dele seria a escolhida. Numa noite ao chegar no bairro que morava , Jardim Paulista Baixo, na periferia do grande Recife, reuniu toda a sua turma na praça central, e com a voz embargada e lagrimas nos olhos , anunciou para todos a sua despedida daquela turma legal e daquele aprazível lugar, e completou: Estamos partindo em uma longa e interminável turnê mundial , e vou sentir muitas saudades de vocês ! Em seguida danou-se a chorar...snif, snif, snif....
A banda não foi a escolhida, que teve esta “honra” foram os rapazes da Caiçaras, mesmo assim o selo pegou sua nau de volta para Portugal, não levou ninguém , e nunca mais se teve noticias destes Manoels.




-A fita ta abafada !
Nos primeiros meses de funcionamento cheguei a gravar algumas fitas k7 para os clientes que geralmente não tinham grana para adquirirem um aparelho de cd play que na epoca era de um custo bastante elevado. Um sujeito humilde que lavava carro nas proximidades da loja , conhecido vulgarmente por biu ! Apreciador de rap nacional, o cara se dirigiu ao meu balcão e me encomendou uma gravacão em k7, para pegar algumas horas depois. Gravei a fita que ficou com exelente qualidade, tinha um tape deck JVC de ultima geração. No final da tarde biu voltou para pegar a sua fita, reproduzi um trecho no meu som e em seguida lhe entreguei a mesma notando que ele estava satisfeito. No dia seguinte quando estava abrindo a loja o cara chega com a fita na mão , e em tom abusado me disse que a mesma tinha ficado abafada no seu equipamento de som, novamente toquei-a no meu deck e mostrei que a gravacão estava boa ! Ai o cara foi embora, pensava eu que o problema estava resolvido, algum tempo depois, o sujeito retorna a loja , montado em uma velha e suja bicicleta trazendo no bagageiro da mesma um velho três em um CCE , provavelmente fabricado nos anos 70, acredite! ele pedalou cerca de 15 km so para chegar aqui, e ainda teria a volta. Entrou com a mesma dentro da loja e fez questão de ligar a sua geringonça na tomada do salão. Reproduziu a fita e lógico que o som não iria ficar legal ! Já estava ficando puto com aquela situação, e lhe explicava (contando ate 10000) que não seria possível o som ficar de boa qualidade numa circunstância desta ! Ofereci o dinheiro de volta, e o sujeito queria a todo custo que grava-se outro k7, ai já era demais! Chamei os segurança do predio e coloquei-o pra fora ! Devolvi a sua grana e ainda deixei a maldita fita em suas mãos. Foi a única maneira que encontrei para resolver o problema do som abafado ...Graças a Deus...o tal biu, nunca mais pisou na CD Rock!





-Vou matala na mão !
Esta aconteceu na hoje extinta boate Mauritzaz , bastante famosa na cidade na decada de 90. Ouve um evento organizado pela DH Model, agencia de modelos que todos os anos fazem a festa de formatura da suas garotas em alguma casa noturna do momento. E naquele ano, 1996 , o local escolhido era o citado acima. Convidaram para animar a noite, logo depois do desfile, a irreverente e genial banda de Punk do alto José do Pinho (um dos principais centro cultural da cidade) Matalanamão ! Os rapazes da banda chegaram ao local por volta das 22 hs , no momento que começava o desfile. Entraram pelos fundos do estabelecimento onde ficava o camarim, so existia um, para modelos e musicos juntos ! Putiz! Era como colocar raposa em galinheiro! Na hora que chegaram já sentiram a adrenalina , os segurança do local tambem estava babando com o que viam ! gatinhas com seios de fora e usando sumarias calcinhas, e algumas, mostrando tudo ! Tratando-se do grupo Matalanamão, era o nectar dos deuses ! Os caras tambem sentiram alem do “entusiasmo” ( super natural para qualquer homem, ate padre Marcelo!) um forte presentimento de bronca ! e se afastaram imediatamente daquele local , e se dirigiram ao salão principal onde rolava clips musicais no telão, e o desfile das modelos. So que um deles não acompanhou o grupo, e resolveu na surdina ficar naquele paraíso “taihtiano”. Quem ficou foi Dinho o guitarrista na epoca! O resto deles nem notou a ausência do cara, passado alguns minutos , foram alertados belo burucu que se formava no corredor em frente ao camarim, Dinho levava porrada de tudo que era jeito, havia sido pego literalmente com a mão na butija. Com a mochila na frente do ziper da calca, o sujeito se masturbava alucinadamente vendo aquela maravilhosa cena ao vivo. Foi notado pelos hipócritas segurança da casa, que logo na chegada deles, incentivaram a brechada. Dinho de repente conseguiu se desvacilar das porradas e fugiu correndo como um atleta olímpico, vários quarteirões. Depois disto a banda não mais se apresentou ! so Dinho e quem tocou naquela noite pornôpunk ! Algum tempo depois o cara foi dispensado da banda e substituído por outro que estar na Matalanamão ate hoje !







-Vixê Jesus! Deus nos proteja !
Fui convidado para expor no mercado pop, recém chegado na cidade . Cerca de 1997, era o auge do modismo de feiras alternativas iniciado em Londres alguns anos antes. idealizei meu stand de uma maneira bem original, com o intuito de causar impacto ! Tive a ideia de comprar um caixão de defunto para usa-lo como balcão de atendimento no espaco do mercado. Procurei uma das maiores funerária de Recife e encomendei um caixão simples , sem adornos na madeira, já que iria “decora-lo” com fotos de roqueiros mortos coladas em volta do mesmo. No outro dia o carro da funerária chega na entrada do predio onde ficava a loja , para a entrega da macabra mercadoria. No momento de descarrega-lo ouve uma grande aglomeração de pessoas que passavam na movimentada AV. onde ficava o edifício da loja, a curiosidade dos transeuntes era tamanha em querer saber quem teria morrido naquele local. O pior ou melhor seria logo depois da entrega. Em frente a CD Rock no corredor da galeria existia naquela epoca uma loja evangélica extremamente xiita, dessas em que as mulheres usam vestidos longos de tecido brilhoso arrastando pelo chão , e os homens paletó no mínimo dois números menor ! Chegavam sempre com uma bíblia em baixo do braço e falavam constantemente frases extraídas de algum versículo da mesma ! Nada contra ! E o exercício pleno de Democracia, liberdade total de religião ! Mais havia um clima de discordância e insatisfação no ar por parte dos fieis e proprietários da casa ! Achavam que a CD Rock era a casa do demo ( ou seria da demo ? ) e todos que ali se dirigiam era nitidamente amaldiçoado pelos freqüentadores do Céu (assim eles achavam que era aquele estabelecimento) em relacão ao inferno (a CD Rock, de acordo com eles), se bem que eu e todos meus amigos e clientes achava-mos exatamente o inverso ! E quando a funerária colocou o caixão na porta da loja, no corredor entre as duas; então foi literalmente um Deus nos acuda ! O objeto passou uma semana no local enquanto fazia a colagem das gravuras dos astros do Rock já falecidos ,Chico Science, Janis Joplin, Jimi Hendrix e outros. Os irmãos evangélicos quando chegavam e viam o exótico objeto ficavam espantados com aquela cena “diabólica” e exclamavam , em alto e bom som: “Vixê Jesus ! Deus nos proteja ! Não precisa nem dizer que foi sem duvida uma das semanas mais divertidas durante toda a existência da CD Rock !!!




-Parece um plagio mal feito de Raul Seixas !
Mais uma vez este fato aconteceu tambem em uma semana logo após um dos Abril pro Rock nos anos 90. Apareceram no loja três sujeitos cariocas ou paulistas, não me recordo com certeza, carregando varias caixas de cds de bandas rock n’roll independentes do sul e sudeste do pais. Tinha umas coisas bem legais, comprei vários títulos e notei uma quantidade bem acima da media ,de discos de uma mesma banda, que por sinal havia tocado no festival. Não tinha assistido ao show, por isto fiz questão de ouvi-los, antes um dos “vendedores” me fez uma grande propaganda daquele cd. Abrimos um e toquei-o no som da loja. Sinceramente não gostei ! Achei bem datado e lhe disse completando o raciocínio: Parece um plagio mal feito de Raul Seixas! Na hora percebi que o cara ficou meio desconcertado, recolhendo imediatamente aquele disco, e se apressando em sair do meu estabelecimento. Desconfiei de que algo estava errado, e perguntei se ele conhecera o pessoal daquela banda que tinha reproduzido no som ? Ai ele mais sem jeito ainda me responde em voz baixa, que ele era o vocalista e líder daquela banda ! Que mancada do caralho, acabara de dar ! Bom ! Pelo menos fui sincero !





-Cuidado ! E um picareta!
Joaquim, era um sujeito conversador, freqüentador assíduo da loja , apesar de conhece-lo a pouco tempo e o mesmo ser irmão de um musico da cena que frequentava o local bem antes dele , percebia que ele depositava uma forte confiança na minha pessoa, e me contava varias passagens de sua tumultuada vida pessoal ! Os problemas narrados por ele geralmente envolviam seu lado profissional , onde volta e meia era despedido, segundo ele um eterno injustificado ! Certa vez , Joaquim para variar acabara de perder o ultimo emprego no departamento administrativo de um clube de futebol da capital, e o mesmo desconfiara que teria dificuldades em conseguir um novo trabalho , porque “intuitivamente” pressentia que o departamento pessoal do clube daria informações negativas a seu respeito. Foi ai que ele me pediu o favor de que telefona-se para la e disse-se que estava interessado em emprega-lo, e que gostaria de obter informações sobre o mesmo. Ao ligar , falei com a senhora encarregada do departamento de RH e narrei sobre o meu objetivo. Resumindo a novela; uma das melhores coisas que ela falou sobre o cara, foi: Cuidado ! E um picareta ! Desliguei o telefone e passei a rir sem parar (trágico e cômico). Ele ficou curioso para saber o que eu tinha acabado de ouvir, e claro que lhe disse ! O mesmo se desculpou comigo notadamente desconcertado, e me contou sua versão de uma estória que envolvia , cheque , saque, banco, e um monte de 171, que mais uma vez o pobre Joaquim fora vitima ( já com um belo par de asas) acontecido com um colega de trabalho que tambem fora demitido e injustamente lhe envolvido nessa tramóia! Joaquim ficou puto ! Ligou imediatamente para o clube e detonou a tal funcionaria ameaçando a mesma em um processo por danos morais . Soube algum tempo depois que ele já estava empregado novamente , aguardando quem sabe ? Que uma nova “ injustiça” ocorra em sua vida.....





-Vamos agitarrrrrrr galera ! Uhauuuuuuuuu !
Shows de lançamento da coletânea Recife Rock Mangue I. Abril de 1998. Local , Soparia ( templo sagrado da cena pernambucana) polo Pina. O evento durou dois dias, uma Sexta e um sábado, atraindo uma multidão incalculável em ambos os dias. Este fato aconteceu na segunda noite do evento, e foi com a banda Zé Lamuria , mais precisamente com o seu vocalista Guto ! Por volta da terceira musica o clima era de pura adrenalina, o publico lotava o ambiente e fazia um feed beck perfeito com a banda. Guto empolgado com aquele retorno de energia positiva que havia no ar ! Pulava alucinadamente em cima do palco cantando suas musicas de uma maneira visceral. De repente o cara se desequilibra la de cima, e para não tombar em cima da platéia, se agarra na base de um lustre que vinha do teto. So que o mesmo teve a infelicidade de segurar exatamente onde havia um fio descoberto , e neste momento ele falava no meio de uma musica bem porrada a frase: Vamos agitarrrrrrrrrr (primeiro choque) galera ! e em seguida.....Uhauuuuuuuuuuu (segundo choque-maior ainda) o publico não percebera nada, e achava que aquilo era apenas uma emocionante demonstração de mostrar seus poderes de domínio sobre o mesmo, e todos responderam o seu grito em côro, Uhauuuuuuuuuuu!!! Tenho este evento filmado onde nota-se claramente o momento citado.... Isto e que e excesso de pura energia !





-Tem algum recado pra min ?
Sempre simpatizei com o movimento Hare Krishina onde tenho alguns amigos. E talvez por este motivo meu espaco sempre fora bastante visitado por seus membros. Certo dia apareceu um devoto simpático e conversador, com um bom conhecimento musical, e de cara ficamos amigos ! Adriano era natural de Belém do Para, e como era um Hare nômade , usou minha loja como sua base, ele pernoitava em uma pensão fubica no baixo meretrício da cidade. Todas as manhãs passava la na CD Rock, onde ficava pelo menos umas duas horas sentado numa cadeira no corredor da galeria, enchendo saquinhos de saches com po de serra, para vender dentro dos ônibus, que era o seu sustento. O cara tinha uma companheira , bem traíra, literalmente uma devoradora de machos ! De Hare Krishina não tinha nada, estava mais para uma hiponga galinha ou uma galinha hiponga ! Mesmo citando contentemente as mensagens de Brabupapida, so que ela não me enganava o companheiro dela sim ! Acontece que tinha realmente uma boa amizade com Adriano, apresentei ele a praticamente todos os musicos que frequentava a loja, e a galera tambem passou a admira-lo, e o levavam para ensaios, shows, festas etc. Dava roupas, grana, e vez ou outra levava para almoçar em minha casa. De vez em quando pedia para atender em meu balcão e deixava-o sozinho na loja enquanto iria resolver algo fora ! Confiava plenamente no cara ! Já tinha se passado quase um ano de convivência, sem maiores problemas ! Quando aconteceu o causo . Um dia precisava pagar as contas, telefone, luz, e algumas duplicatas, e não poderia me ausentar do local. Pedi ao Hare o favor de ir ao banco liquidar aquelas contas, no que ele sempre solicito me atendeu de pronto ! Havia aproximadamente uns R$ 600,00 (seiscentos reais) e era umas 10:30 hs da manhã. Já passavam das 17:00 hs e nem sinal do sujeito . Encerrado o expediente e nada, já estava bem preocupado, não me passava em hipótese alguma que ele tinha me subtraído aquela grana ! Achava que ele tivera algum problema na rua. La pelas 20:00 hs fui ate a pensão que ele se hospedava, e para minha surpresa a dona me falou que ele tinha dado baixa logo depois do almoço e ido embora da cidade! Porra ! não foi nem tanto pela grana ! realmente gostava daquele picareta ! Me virei e toquei o barco pra frente tentando esquecer aquele baque. Passadas umas seis semanas mais ou menos , o cara de pau apareceu em minha frente indagando cinicamente : Tem algum recado pra min ? (as cartas e telefonemas do Para vinham para loja). Na hora fui tomado por uma ira incontrolavel , pulei o balcão , e o cacete cantou . Dei porrada de tudo que e jeito ! caímos agarrados por cima dos expositores de cds derrubando no chão ! ele correu para a rua e não consegui mais pega-lo... Pô ! Paciência tem limite! Ate mesmo o grande Brabupada teria virado Lampião (sic!)




-Seu Marconi , esta musica vai para você !
Esta aconteceu com o escroto e espirituoso Ajax , vocalista da banda olindense de Hard Core Os Cachorros. Foi durante a realização de mais um Rock na Praça, evento anual organizado por um político da e na cidade de Olinda. Neste ano aproximava-se as eleições e como o evento tem uma bandeira partidária do vereador em questão, que era de oposição a prefeita na epoca, havia uma forte pressão para o cancelamento do festival, e tambem o local do evento e cercado de residências classe media onde os moradores reclamavam dos decibeis sonoros despejados em suas salas durante dois dias. Logo na parte da tarde quando a banda Os Cachorros passavam o som, seu Marconi, senhor abusado com cara de poucos amigos , “infeliz” morador da área, cuja casa ficava exatamente em frente ao palco principal , interrompeu a passagem de som com ameaças e indignado com aquela musica barulhenta e nojenta ! Dizia ele ! Esta merda não vai continuar ! E armou uma grande confusão, so controlada com a chegada da policia e pela diplomacia do vereador organizador do festival ! Bom! Parecia que tudo estava indo bem: já a noite durante a apresentação das bandas, todas tinham tocado sem problemas, ao contrario do que alguns imaginavam pelo ocorrido na parte da tarde. Chegou a hora dos Cachorros! Era a penúltima banda da noite, quem fecharia era o grupo Querosene Jacare! Ai na ultima musica, o aloprado Ajax, com sua costumeira atitude, não poderia deixar passar em branco o sapo que tinha engolido do sujeito na passagem de som. E diz no microfone para um publico de umas cinco mil pessoas. Seu Marconi, esta musica vai para você ! E canta um dos maiores clássicos da banda. Onde o refrão principal e simplesmente...Puta que pariu, puta que pariu , repetido umas 10 vezes. Bom ! Deu para imaginar o rolo ! O cara sai de casa com uma arma na mão, sobe no palco e aponta para o irônico vocalista, no que os seguranças o agarram e conseguem domina-lo e desarma-lo. Acabou tudo ai ! O Querosene não se apresentou mais e o evento foi encerrado pelo sr. Marconi...Puta que pariu !




-Quero ouvir a musica do filme Japonês !
Nos finais de semana gosto de trabalhar como DJ, organizando festas e eventos coisas que faço desde a II guerra mundial (sic!) ! Tenho inúmeros causos para contar, ocorrido em minhas festas. Este aconteceu no bar Royal, reduto, de intelectuais, artistas, boêmios e porra loucas da cidade. Durante alguns meses fiz uma evento no local , chamado de sextas Royal Rock, onde colocava duas bandas para se apresentar e na seqüência fechava a noite ate amanhecer discotecando meus clássicos do rock n’roll. Era um sucesso , casa cheia toda semana, e numa dessas noitada, me aparece uma morena muito chapada, cheia de cachaça e marijuana e me pede, ou melhor, me ordena ! Bota a musica do filme japonês, ai meu ! Já estou acostumado com pedidos , exdruxulo ou não ! Geralmente quando e consistente (tendo haver com o repertório) eu atendo numa boa ! Agora quando e uma maluquise inconsistente e incompreensível como era o caso ! eu falo que vai rolar daqui a pouco ! Normalmente os malucos ou malucas não encomodam mais depois deste chavão.O que com certeza não era o caso desta Junkie ! Em intervalos de meia em meia hora, a doida chegava a min e pedia se equilibrando para não cair; Quero ouvir a musica do filme Japonês ! Na terceira vez que ela chegou a mesa de som, já foi se agarrando nos cabos que ligavam os cds play e o mix, arrastando-os com o intuito de derruba-los no chão, a musica tremia e pulava, e o publico mais afastado vaiava e xingava o DJ (eu) achando que estava fazendo alguma melada ! Os mais perto olhava e riam sem fazerem nada .Ai , não tive alternativa, pelo outro lado da mesa de som que estava, estirei o braço direito e segurei firme o cabelo da maluca, quanto mais ela puxava os cabos, mais eu puxava seus cabelos, foi um duelo de titãns ! Depois de alguns minutos de agonia, ela percebeu que sua longa cabeleira estava começando a ficar escassa. E soltou abruptamente os cabos do equipamento no que tambem soltei-a imediatamente, o que fez com que a cai-se no chão e ali fica-se ate ser carregada por alguns sujeitos para fora da festa . Fiquei pensando depois que merda de musica do filme Japonês e esta ! Acho , provavelmente ser a musica de Carl Douglas , Kung Fu Faith , do seriado dos anos 70 com David Carradine. Sera ?




-Antonieta libera essa bu.... !
Como citei anteriormente em outro causo, em frente a loja dentro da galeria a apenas uns cinco metros de distancia , havia uma loja de cds evangélicos onde o dono era o retrato da “ sabedoria” e prepotência. Mais uma vez deixo bem claro que não tenho pre conceito com absolutamente nada, respeito , raça, cor, religião , política, em fim, me considero um sujeito totalmente democrático. Mas, estava tendo sérios problemas com o meu vizinho de loja em relacão ao volume do som . Como se tratavam de duas lojas de discos, Logico que ambas tinha seu equipamento. Apesar de ter um amplificador e caixas de boa potência, realmente não passava o volume de 40%, e o “irmão” do lado em nome de Jesus colocava suas caixas de som (enormes) na porta praticamente já dentro do corredor entre as duas. Era paradoxalmente um inferno sonoro ! Meus clientes riam e se incomodavam com aquela musica mal feita, xaroposa e apelativa. Já tinha ido conversar varias vezes com o cara, pedindo para manerar no som . E ele sempre me ironizava dizendo que os incomodados e que se mudem ! Bom ! Estava declarada a guerra ! Ou seria uma nova cruzada ? No dia seguinte, já passado algumas horas do expediente ter iniciado, o som dele tava bem baixo, ambiente mesmo ! No mesmo nivel de volume do meu. Pensei : Cristo esta discotecando la ! Que bom ! Cinco minutos depois deste alivio, o cara abre o volume no limite mesmo ! E coloca uma “ musica” evangélica onde o refrão pegajoso dizia assim : Quando o galo cantar....Jesus vai chegar ! e na seqüência um galo fazia : Co co co co ri cooooooooo ! Cumpade ! ai já e demais ! Peguei no meu acervo, o novo disco da banda hard core porrada de Brasilia , Peter Perfeito (Funk Rock Nervoso) e toquei em alto e bom som a faixa seis, a “ singela” Antonieta, que tem um trecho que diz gritando : pôrra Antonieta libera essa buceta, minha mão já ta com calo de tanto bater punheta ! e do outro lado do corredor, Quando o galo....Foi uma loucura ! Todos os vizinhos lojistas se dirigiram ao corredor entre as duas lojas acompanhados do sindico e a encrenca tomava dimensões alarmante. Depois de me explicar ( já estava alojado no local há três anos e nunca tivera qualquer problema) com todos,.o sindico proibiu ambos o som no local . Resumindo.. Um mês depois o “irmão” da discórdia desmontou sua loja evangélica e se mandou para outra praça ! Agradeço profundamente aos caras do Peter Perfeito !




-So pago se tirar a chapa !
Estava nos ajustes finais de pré producão da coletânea, Recife Rock Mangue II. Já tinha uma ideia de como seria a capa do cd e estava pencando em como executa-la. Inicialmente imaginei um pescador dentro de um manguezal, atolado na lama com uma guitarra na mão. E já tinha agendado com Beto Dantas o fotografo, para no sábado próximo, no comeco da tarde irmos ate o local apropriado , que seria no município de Itapissuma (cerca de 40 km do Recife) na entrada da ilha de Itamaraca , iria-mos procurar um sujeito com as caracteristicas que tinha imaginado, para posar na foto da capa. Beto chegou na loja um pouco tarde, calculei que so chegaríamos ao local da locação no final da tarde, e não haveria luz natural suficiente , e ainda teríamos que achar um “modelo” para posar. Foi ai que deu um estalo! Enquanto discutia-mos que rumo tomariamos observei o zelador do predio fazendo a faxina no corredor. O sujeito era uma figura, varria o chão e cantava um brega alegremente, e ai disse para a equipe; tai o cara que precisamos ! Na hora todos riram achando que era mais uma piada ! Insisti , e chamei Romildo (este era o nome dele) para fazer o convite, perguntei que horas largaria do trabalho e ofereci uma pequena quantia para que fica-se “famoso”. Ele topou na hora, mudamos a locação para ali bem perto, em um manguezal que fica na rua da Aurora esquina com av. Mário Melo, bem perto da loja, cerca de 1 km. Tudo certo! Fomos andando margeando o rio Capibaribe ate o local. Ao chegar-mos no mangue limpamos uma área e colocamos, um sofá vermelho de plástico, um caixote de madeira, tampa de bacia sanitária, enfim, tudo que encontramos no poluído lugar! Tinha uma pequena comitiva que acompanhava a producão, Shina do Girimum, Pacua do Via Sat, Neo do Ze Lamuria ( que cedeu a guitarra para foto) e outros. Coloquei o sujeito de bermudas e sem camisa sentado no sofá em pleno mangue, arrudiado do lixo que encontramos , realmente era uma visão surealista, uma cena hilária! Mas estava faltando algo! Ou melhor, tinha algo em excesso! Notei que Romildo usava uma reluzente dentadura bem branquinha contrastando com sua cor de ébano, e pedi que o mesmo a tira-se, e o cara falou que não iria fazer isto numa foto desta porque seus amigos iriam grear com ele. Insisti, e retruquei; SO PAGO SE TIRAR A CHAPA ! Nesta altura a zona no local era enorme, todos riam sem parar e quando aquela figura horripilante tirou a danada, ai e que a locação virou uma baderna. Ele ao tirar a chapa, colocou-o em baixo do sofá na lama do manguezal. Fizemos farias fotos antológicas, inclusive cedida posteriormente para vários jornais, sites e capas de algumas revistas ate nos EUA. Quando terminamos a seção de fotos, paguei a merreca a Romildo e ai o mesmo lembrou da chapa, que tinha se enterrado na lama e o mesmo demorou um tempo a encontrá-la, quando achou o objeto sem cerimonia lavou-a nas poluídas água do rio Capibaribe e introduzi-oa imediatamente na boca! Foi um alvoroço, já bastava o que tinhamos nos divertido naqueles instantes memoráveis e agora o divertimento fechava-se com chave de ouro ! Ou melhor! De resina!!!





-Finalmente, e “gremi” ou internacional ??
Este causo, considero uma obra prima ! Quem narra e o musico e produtor Ze da Flauta , na edição Manguenius de junho de 1999, acontecido com o próprio.
Em 199l, Ze da Flauta foi, por telefone, dar a noticia ao sanfoneiro Heleno dos Oito Baixos da indicação do CD BRASIL FORRO – do qual ele havia participado – ao GRAMMY: - Heleno, tu não sabe da maior !!! – Que foi Ze ? Noticia boa ? – Rapaz, fosse indicado ao Grammy ! – mas, Ze, eu num jogo mais bola nessa idade, não ! – Acorda, Heleno ! Tu agora e uma artista internacional !! Sem entender nada e confundindo tudo, ele perguntou: - Mas, Ze...Finalmente, e “gremi” ou internacional ??












EU NÃO FAÇO MANGUE BEAT !!!






Ouve uma época que sete em cada dez grupos musicais da cena Pernambucana usava tambores e elementos da nossa musica de raiz diluídos com rock, pop, rap, funk, techno e outros oriundos alem de nossas fronteiras ! O exagero era gritante, e rapidamente fez com que a formula se desgasta-se naturalmente com o agravante da nula exploração comercial em termos de midia sonora vendável que amenizaria a mesmice musical, gerando dinheiro para os envolvidos ! Claro que este fator não foi um caso isolado em relacão ao fracasso do movimento, havia um clima de conspiração por parte de alguns musicos e jornalista locais que pisavam e criticavam impiedosamente a cena ! Certamente estas figuras queriam se auto-promoverem indo na contra mão da historia : era grave o que certos musicos falavam na epoca, muito pior do que alguns jornalista, pelo fato de que aqueles que deveriam se preocupar em fazer apenas musica, achavam serem revolucionários ideológicos, quando hipocritamente se dirigiam aos meios de comunicação para gritar que não faziam mangue , e que o mangue beat nunca existiu, insinuavam tudo ser uma farsa ou armação, o que com certeza tiraram grande parte da credibilidade da cena perante os produtores, gravadoras e empresários artísticos do eixo Rio - São Paulo ($$$) que acompanhavam de longe este estúpido, hipócrita e acima de tudo, burro debate!! Não teve jeito , haviam jogado bosta no ventilador, varias revistas e jornais do sul publicaram matérias em cima do que alguns jornalista local havia dito ou transcrito sobre o movimento, o estrago era irreversível ! Recebi na loja vários telefonemas do sul, com pessoas indignadas com tudo isto ! Rafael Borges, produtor fonográfico e empresário da banda Sheik Tosado na epoca, me liga do Rio e diz: Cara ! Que merda e esta que esta acontecendo ai em Recife ? Eu não estou entendendo nada! Vocês estão indo na contra mão ! Se referia a varias matérias publicadas em todos jornais locais onde se lia em manchete: Morreu ? (Diário de Pernambuco do dia 3/5/99), Bandas rejeitam rotulo mangue (Folha de Pernambuco do 7/5/99), Via Sat não e mangue (Jornal do Commércio do dia 7/5/99) nesta o vocalista Pacua declara : Na minha opinião, mangue beat e uma expressão que so cabe em duas bandas, que são a Nacão Zumbi e a Mundo Livre S/A , eu nunca usei tamanco nem chapéu de palha ! Na mesma reportagem o jornalista Schneider Carpeggiani que a fez, diz ; Muita gente nunca se sentiu confortável com o rotulo. Em uma outra matéria da Folha de Pernambuco, o jornalista Renato L. um dos responsáveis pela redação do Manifesto Mangue declara com muita sensatez e sabedoria : Não entendo por que tanto auê e auto-afirmação a essa altura do campeonato.”A cena so trouxe coisas boas para Pernambuco. Deu para todo mundo fazer e estourar com seu som, independente de tambores, como Devotos, Eddie, Cascabulho, Faces e muitos outros. O que não pode e usar o mangue como suposta camisa-de-força e desculpa para insucessos”, opina. Em outro artigo da epoca, Jorge du Peixe da Nacão Zumbi declara tambem com bastante lucidez: E fácil ser oportunista. Fincar as unhas, se aproveitar e, depois dar adeus a questão como se nunca tivesse se envolvido. Foi sem duvida um período bastante conturbado e incrivelmente idiota e amadoristico ! A forçasão de barra pela “oposição” contra a cena que os próprios faziam parte de uma maneira direta ou indireta, fez com que um buraco negro paira-se sobre o movimento , a credibilidade estava indo cada dia mais pelo ralo, e todo este salseiro guilhotinou precocemente a nossa galinha dos ovos de ouro ! Acompanhava estarrecido e indignado a ação dos Kamikazes culturais, tinha que fazer algo ! Tive a ideia de reunir um grupo de musicos na loja e fazermos um contra ataque defendendo o movimento, e bom que se diga ! A grande maioria de bandas e musicos não concordavam com o besterol que entupia os jornais, sobre a falência do movimento. Chamei a repórter da Folha de Pernambuco , Kelita Myra onde ela fez uma matéria de pagina inteira publicada no dia 20/5/99, tendo como manchete; Conceito mangue de A á Z – bandas acham que radicalismo prejudica a cena cultural pernambucana, nesta matéria há um longo depoimento do musico e produtor Zé da Flauta onde em um trecho ele afirma : Ser mangue não e dar as costas, ser omisso e ficar fazendo criticas e gracinhas com essa verdade que esta ai. Falar mal dele e falar mal de Pernambuco. Pacua, o Via Sat e mangue ate dizer basta ! E Mangue, mangue Beat e mangue Bit. Se movimento e a “evolução de idéias” esta mais que claro. O Movimento Mangue existe, pois em sete anos a ideia evoluiu e muito. Muitas personalidades importantes culturalmente defendiam publicamente o movimento, na verdade qualquer pessoa de bom senso , mesmo aquelas que não admirava a cena, percebia a gigantesca tolice que se praticava no emprego do ante marketing. Como se não basta-se algumas bandas e musicos se pronunciarem contra o movimento , os dois maiores produtores da cena, Paulo André (Abril pro Rock) e Antônio Gutierrez (Rec Bet) , figuras de importância vital para o mangue beat, trocam indelicadeza e ofensas na midia local, como esta matéria publicada no Jornal do Commércio de 4/4/99 onde se lê no titulo: Paulo André destila todo o seu veneno: o mesmo diz no artigo, Cordel do Fogo Encantado não participa do meu festival porque trabalha com Gutierrez. E Gutierrez responde: “O problema dele e levar tudo para o lado pessoal”. De acordo com Guty, nem a mundo livre nem a Cordel do fogo Encantado precisa de festival algum. E no mesmo artigo, paradoxalmente o mesmo Gutierrez diz uma frase a meu ver a verdadeira síntese do momento: “A midia so esta procurando um deslize para decretar o fim da cena”! Ou seja, alimentam a fornalha, depois chamam os bombeiros ! Sempre digo o seguinte: se Pernambuco não tive-se tido Chico Science & Nacão Zumbi, Mundo Livre S/A, e o surgimento do Movimento Mangue, teríamos apenas uma cena comum, um pequeno aglomerado de bandas influenciadas pela MTV e FMs, fazendo covers de rock n’roll divulgado por estes meios de comunicação, e seriamos igual ao cenário musical de qualquer grande cidade mundial, seja, Bogotá, Lisboa, Toronto ou Curitiba ! O mangue nos deu personalidade, regatou nossas raízes e mostrou-a a nova geração de jovens Pernambucanos que passou a ama-la e admira-la como nunca houvera antes ! Criamos o “impossível” e agora tentamos destrui-lo! Humberto Santos – jornalista e baixista da banda Paulo Francis Vai Pro Céu escreveu no DP de 3/5/99- “Nunca vi tanta badalação em torno desse tal movimento. Falta de apoio das gravadoras ? No inicio eu ate concordaria, mas recentemente as bandas tiveram seus discos bem trabalhados. A verdade veio da maneira mais dolorosa possível: o fracasso retumbante na venda dos CDs” , escreveu Humberto ! Hoje , passados alguns anos ainda reflito sobre este momento, e acredito que ouve um blefe coletivo e planejado de alguns musicos com o intuito de causar impacto, e talvez sobre fórceps criar uma ramificação do movimento que fosse mais forte que o próprio! Em um artigo do D.P. do dia 21/5/99, a Socióloga e professora da UNICAP , Rejane Markman expôs o ponto de vista sobre esta polêmica: “ Nada pode acrescentar como divulgação indagar se o movimento mangue beat esta morto, utilizando como parâmetro para avaliar sua estagnação a vendagem de discos. Em meio a crise econômica em que vive o Brasil, que so não e percebida pela visão míope do Governo, que faz diminuir a grana na mão dos que estão no mercado produtivo e repercute nas mesadas dos jovens, o desaquecimento do mercado discografico e sentido não apenas pelas bandas pernambucanas, que diga-se de passagem, nunca foram grandes campeãs de vendas “. Muitas destas bandas que apareceram nadando contra o fluxo lógico da maré manguezal, se extinguiram algum tempo depois, outras continuaram e se “queimaram” para sempre, carregando para si uma tatuagem de Judeu ! O tiro tinha saído pela culatra ! E lamentavelmente causaram danos irreversíveis ao movimento, que nunca mais fora o mesmo ! Concluo este capitulo com um pequeno texto de rodapé, impresso no encarte interno do Recife Rock Mangue II. - A Ponte das soluções- Criticar uma musica, uma banda, uma cena, seja la o que, e necessário e útil, desde que ela aPonte soluções e idéias, ponderando os valores ($$$) relativos. Estamos vivendo o irônico antagonismo do apogeu “mangueporâneo”e o declínio “realístico”de nossa cultura. Direcionem suas ogivas nos alvos certos e estarão colaborando para a perpetuação de nossos talentosos heróis “pobrestar”(!!!). Infelizmente não temos Baias, e sim Rios !










PORQUÊ O MANGUE NÃO FOI OU E VIAVEL ?






Esta e uma pergunta que não quer calar !
Nada melhor do que iniciar este capitulo transcrevendo uma parte de uma matéria publicada no Diário de Pernambuco em maio de 1999, intitulada “Festival Abril Pro Rock detona crise” (Rodrigo Salem). O problema e que os jornalistas vinham para ca como consumidores, hoje eles vêm como desmistificadores, sugere Fred 04. A cena ainda esta precisando provar que e viável.Estamos diante de uma grave crise no mercado fonográfico, salta Paulo André, organizador do Abril Pro Rock.
A solução, no entanto, e somente uma para todos os envolvidos. “A crise esta no jaba das radios. Já recebemos sugestões de colocar umas mulheres no grupo, quando começamos. Seria muito fácil virar um Skank “, fala Fred 04. “Radio e a maior dificuldade”, concorda o ex-ambrosio Helder. “Com as radios tocando os grupos locais, o Abril teria o dobro do publico “, apoia Paulo André. Já Pacua diz que os preços dos discos são fundamentais para a cena. “Entre levar um E O Tchan por R$ 15 e um grupo novo, a pessoa vai levar o que já sabe que gosta”, conclui. Outro que desabafou sobre o problema foi o jornalista Jose Teles na sua coluna Toques, do J.C. de 11 de agosto de 99.Onde escreve indignado: A burrice (desculpem, mas não cabe outro adjetivo) das FMs que não tocam os discos das bandas locais, de olho numa audiência burra que estupidifica o distinto ouvinte com musica estúpida, num circulo vicioso e viciado. O povo ouve musica ruim porque se acostumou a ouvir musica ruim, e os programadores tocam musica ruim porque acostumaram o povo a escutar musica ruim. Grande colocação !
A musica mangue beat pelas suas caracteristicas e uma musica jovem, para consumo de uma juventude que tem a musica, não uma mera relacão de entretenimento e diversão (como a encontrada no pagode ou no axé music), mas uma intimidade de identidade, de representação de anseios e de catalisação de expectativas de realização, diz no mesmo artigo do DP, a Socióloga Rejane Markman.
Os musicos da cena são basicamente oriundos dos miseráveis guetos da periferia recifense e tem em Chico Science seu grande mestre ! Os mesmos se utilizam inconscientemente daquela máxima de Mick Jagger onde nos anos 60 diz poeticamente na letra de Street fighting man , “Mas que pode um pobre garoto fazer / Exceto cantar num grupo de rock n’roll”?




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Nota: Este é um fragmento de um livro que começei a escrever em 2003 e parei em 2004 ! Perdí grande parte do que tinha escrito no hd de um pc que tinha na época, por isto não continuei o projeto !

5 comments:

Anonymous said...

Que pena não ter vivido esta fase. Você teve uma grande experiência de vida vivendo estes momomentos. Infelismente era uma criança na época.
Agora que tenho 20 anos!
Gostei demais desse blog especialmente estas estorias sobre o Mangue Bit que adoroooo.
Muito bom mesmo !
Adorei.
Beijinhos.

Unknown said...

muito bom ! uma pesoa como elcy oliveira que se dedicou a cena pernambucana de tal forma que ralata tudo o que rolou no manifesto! que atropelou outros como tropicalismo e na vida da cd rock realmente eutava tão louco que nao saquei quando o juiz, elcy falou > toquinha é hetero sexual ! kkkkkkk me pegou axei que tava me chamando de viado
asuasuahsuha mais.. em fim a cd rock era ponto de equilibrio de muitas bandas e artista pelo menos naquela epoca agente tinha mais espaço por que tinhamos a cd rock não estas merdas de hoje quen nen prescisa citar nomes elcy vc a pai mestre e uma grande pessoa em minha vida artistica deus te abençoe nesta nova faze como dj e produtor! e tb gostaria de cobrar dos que gostam de feztas e grandes eventos se quizeren um produtor de verdade este é o cara > eylcy oliveira!... como dizia chico ! xila rele domilindroooo!!.. eita saudades da cd rock!

Unknown said...

e tem mais o unico que dizia na epoca da tragedia a nação zumbi é a melhor banda do mundo! e vai se erguer como um meteoro foi elcy o resto tinha medo desta verdade ! então nação zumbi veja se pelo o menos deixem om bom comentario sobre este guerreiro!

Unknown said...

pois é pessoal eu toquinha como me chamavam!.. e hoje depois da via sat e outras experiencias sonoras de corpo de lama. vinho> dub sambaletico. posso dizer recife ja teve a maoir oprtunidade de detonar um cenario mais o governo naquela atualidade nada de ligar> o elcy oliveira investia nas coxas em nossas festa e festivais sem grana para porra nehuma enquanto certos geraldinhos e paulos andres reinavam com duas merdas abril pro rock a panelinha e pe no rock hoje eu que o diga elcy fez ate de mais e ainda tem canalhas que falam mal! parabéns elcy oliveira!

Anonymous said...

Finalmente, e “gremi” ou internacional ?? - Ainda não terminei de ler os causos, mas esse é ótimo, a cara do Zé!